Quem dera se eu conseguisse achar a icônica Judite e, mesmo que a duras penas, cancelar minha assinatura do ano de 2021. Os primeiros 7 dias grátis foram experimentados e não me deixaram animado. Sinto muito, mas não estou interessado!
“O que não tem remédio, remediado está.” disse algum sábio de boteco para mim e, definitivamente, por mais paradoxal que seja, se encaixa por aqui. Ainda que essa tal Judite não possa nos ajudar e que tenha surgido incontáveis novos episódios dessa saga que estamos vivendo, vamos ter que seguir em frente e ver até o final.
Engolir nossa ansiedade. Calar nossas angústias e lamentações e desacelerar. Tempo de ler muito, assistir menos e contracenar mais. O novo normal para mim não tem nada de novo. Recebemos milhares de sinais para sermos o que nunca deveríamos ter deixados de ser: Humanos.
A necessidade de ser humano invadiu o corporativo e será fundamental para definir o futuro das companhias.
A regra a partir de agora é entrega de valor. Desenvolver um capitalismo consciente e responsável. Cooperar e não mais competir. A funcionalidade do produto ou serviço só é bem vista se tiver em sua origem um desenvolvimento sustentável, levando em conta o meio ambiente, as indivíduos envolvidos e todo o ecossistema conectado. A reverberação precisa ser direta e os resultados dessa nova economia não mais acumulados, mas sim compartilhados com todo o universo na qual ele está inserido.
Ninguém mais está disposto a ver campanhas com discurso falso moralista de Natal. Eles só são realmente validados se estiverem amparados por uma dose cavalar de verdade, ou seja, se a marca tiver de fato responsabilidade social ou ambiental. Somente assim terão o direito de atenção e consumo. Para quem acha que isso é o novo normal, essa crítica à comunicação prostituída e hipócrita é feita desde 1980 pela Benetton, através do brilhante Oliviero Toscani, mas resolvemos parar pra pensar nisso agora, 40 anos depois.
Há pelo menos 10 anos que leio sobre a nova tríade dos valores corporativos: Pessoas, Meio Ambiente e Lucro.
Esse último está propositalmente no fim, porque de fato é a consequência. Em primeiro lugar é preciso repensar nossas relações humanas. Compreender que pelas mãos de um ser humano é que um produto ou serviço é entregue. Esse indivíduo tem responsabilidades, preocupações, medos, anseios e angústias. Em seguida é preciso ser responsável com o meio ambiente, estruturar operações que não destruam ainda mais com o planeta. A partir desses dois pontos bem resolvidos é que o lucro se torna importante e muitas vezes, como num passe de mágica, resultado natural das duas primeiras etapas bem resolvidas.
Hora de ver a Covid-19 com bons olhos. De entender que ela é a desordem que precede o progresso.
IG Rafael Mattos: @rmattos.s | rmattos.s@gmail.com