Precisamos salvar as empresas do setor de eventos antes de pensar no futuro

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Por Doreni Caramori Júnior

O setor de eventos de cultura e entretenimento é um colosso econômico do nosso País. Nossas atividades, de Norte a Sul, impactam diretamente 52 setores de negócios, envolvendo aproximadamente 640 mil empresas e 2,2 milhões de  Microempreendedores Individuais (MEIs).

Somos dinâmicos e plurais. No nosso dia a dia, geramos empregos para mais de seis milhões de brasileiros, por meio dos mais variados ramos, desde artistas, empresas de segurança privada, agências de viagens, até donos de barraquinhas de comida, eletricistas, técnicos de som e luz etc.

A pandemia do novo coronavírus (Covid-19), no entanto, nos acertou em cheio. Somos o setor mais impactado pela crise e estamos no limite. Os números são preocupantes. Cerca de 97% das empresas do segmento estão com as atividades totalmente paralisadas desde março do ano passado. Dessas, só entre as promotoras de eventos, mais de um terço encerraram as atividades desde o início da pandemia, o que representa cerca de 24 mil em um universo de 72 mil empreendimentos.

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Como consequência, mais de 450 mil trabalhadores, entre diretos e indiretos, já perderam o seu emprego e a tendência, se nada for feito, é de que os índices aumentem. O nosso prejuízo já passa da casa dos R$ 90 bilhões e vai refletir, em 2021, na arrecadação federal.

A ABRAPE calcula que os cofres públicos podem deixar de recolher, em 2021, cerca de R$ 4,65 bilhões em impostos federais, por causa das atividades do setor estarem totalmente paralisadas. Representamos cerca de 4,5% do PIB.

Como ter esperança em um cenário desses e projetar o futuro?

Antes de mais nada, precisamos salvar as empresas que ainda resistem. Sempre é importante destacar que o nosso capital de giro é o evento sendo realizado. No entanto, estamos impedidos, por força de decreto, de promovê-los desde março de 2020.

No último ano, mesmo com períodos de abrandamento da pandemia, não pudemos exercer nossas atividades, ao contrário do que houve com shopping centers, por exemplo, também focos de aglomeração. Isso sem falar nas atividades clandestinas que aconteceram sem a devida fiscalização. 

A solução é de que os governos Federal e Estaduais, sensibilizados com a nossa situação, dêem garantias de sobrevivência para o segmento. Para isso, nós da ABRAPE, com o apoio de outras entidades representativas que orbitam em torno dos eventos, estamos na luta para que o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos – PERSE se torne realidade.

Só assim, com crédito, preservação dos empregos, manutenção do capital de giro das empresas e financiamento de tributos e desoneração fiscal poderemos fazer projeções mais assertivas. 

Quero, entretanto, deixar uma mensagem otimista. Desde julho, temos realizado pesquisas quinzenais, em parceria com a Ambev e com a consultoria Provokers, sobre a expectativa da população sobre a volta aos eventos e os resultados recentes justificam as perspectivas positivas: 83% dos entrevistados sentem falta e mais de 60% tem intenção de voltar a frequentar eventos, assim que houver condições sanitárias.

O setor é resiliente e acreditamos que, passada a tormenta, todos nós voltaremos mais fortes e saudáveis. 

*Doreni Caramori Júnior, empresário e presidente da ABRAPE