Reatech 2019 consolida vocação como espaço de inovação e oportunidades no mercado de acessibilidade

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Produzir conhecimento, divulgar novas tecnologias, discutir soluções, oferecer entretenimento e espaço para relacionamento, dar oportunidade de trabalho e gerar empatia. São com esses objetivos cumpridos que a 16ª Reatech – Feira Internacional de Tecnologias em Reabilitação, Inclusão e Acessibilidade encerrou no domingo (16), consolidando sua vocação como principal feira do setor na América Latina. Em quatro dias de evento, 52 mil pessoas circularam pelo São Paulo Expo Exhibition & Convention Center, na capital paulista.

Entre as inovações desta edição, os grandes destaques foram a Casa Conceito (casa adaptada para pessoas com mobilidade reduzida), o Reackathon (maratona voltada a soluções de acessibilidade) e a pista de RadCross (competição para estimular desafios e encontrar atletas em potencial). O público também contou com uma área maior de test-drive com as principais montadoras.

“A Reatech mais uma vez cumpriu seu papel como espaço ideal de oportunidades, relacionamento, aprendizado e respeito, reunindo público e expositores ávidos por vivenciar e oferecer melhor qualidade de vida a pessoas com deficiência”, afirma Rimantas Sipas, diretor Comercial da Cipa Fiera Milano, promotora e organizadora da Reatech. “Nesta edição, tivemos 10% de empresas novas entre os 300 expositores, o que é um termômetro do crescimento e da importância da tecnologia no mercado de acessibilidade.” A próxima edição da Reatech está confirmada acontecer de 27 a 30 de maio de 2021, no São Paulo Expo.

Casa Conceito

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Destacar tecnologias e soluções para o lar e gerar empatia a quem nunca enfrentou problema de acessibilidade foram destaques da Casa Conceito, uma das grandes novidades desta edição, montada dentro do estande da Direct Borrachas. O espaço foi criado pela arquiteta especialista em acessibilidade Gabriella Zubelli, que simulou uma casa com seis ambientes voltada a pessoas com mobilidade reduzida. O público, seja com os olhos vendados ou com uma cadeira de rodas, teve a oportunidade de vivenciar os espaços de uma maneira inclusiva e sensorial.

Jéssica Jacqueline, diretora da Direct Borrachas, afirmou que, até sábado, penúltimo dia do evento, quatro mil pessoas visitaram a casa, e foram fechados três projetos grandes de casa acessível adaptada. “É sensacional a experiência de estar na Reatech, tanto para nós, expositores, quanto para o público. Recebemos muitos consumidores finais, construtoras, arquitetos, engenheiros, um público muito abrangente. Pelo número de pessoas que passaram por aqui, e pelas conversas que tivemos, o saldo é muito positivo. Temos a consciência de que colheremos mais frutos depois da feira e a de que estaremos juntos, sem sombra de dúvida, na próxima edição”, declara Jéssica.

Reackathon

Se competir é mais importante do que ganhar, fazer o bem é ainda mais importante do que competir. Esse foi o espírito do Reackathon, maratona voltada a soluções de acessibilidade, outra grande novidade desta edição. Com o tema “Tecnologia Assistiva para Pessoas com Deficiência e Mobilidade Reduzida”, a competição acabou se transformando em uma ação integrada por ideia dos próprios competidores, que passaram a ser colaboradores.

Cerca de 40 mentores e participantes somaram esforços e apresentaram, no último dia de feira, os três projetos considerados mais inovadores e viáveis para o mercado de acessibilidade. São eles o Opus (plataforma que atua como rede social para deficientes e não deficientes, para a troca de informações variadas), o Movimentos Mágicos (óculos que usa recursos de Realidade Virtual para criar um ambiente lúdico para crianças em fisioterapia e terapia ocupacional) e o Narota (aplicativo que usa tecnologia GPS para ajudar deficientes virtuais a mapear seus caminhos e apontar situações positivas e negativas nas rotas em tempo real).

Daniel Takaki, facilitador do Reackathon, afirma que a faixa etária dos participantes variou entre 18 e 45 anos, o que mostra que tanto estudantes quanto profissionais consolidados no mercado importam-se com soluções mercadológicas para o segmento. “Tivemos um grande apoio da Cipa Fieira Milano e de vários expositores, entre eles Atento, CIEE e Dorina Nowill, que nos ajudaram a alcançar resultados inovadores por meio da colaboração”, diz Takaki.

“Se todas as feiras tiverem essa percepção e delicadeza de agregar pessoas dispostas e com capacidade de construir, muitas coisas vão surgir para melhorar a qualidade de vida das pessoas”, afirma Bruno de A. Bisogni, desenvolvedor, que já competiu em 45 hackathons e levou 11 prêmios para casa. “Nós não estamos preocupados com o dinheiro. A gente quer estar num ponto de ônibus e ver uma pessoa usando um aplicativo que desenvolvemos. Isso não tem preço.”

RadCross e Espaço ADD

Competidores em cadeiras de rodas disputando entre si e contra o tempo, em uma pista repleta de obstáculos e rampas. O campeonato de RadCross para cadeirantes, espaço organizado pela empresa LIVRE, especializada em equipamentos assistivos, foi sucesso de participantes, com dois torneios amadores e um profissional, e de público.

Ainda na área de esportes, pelo 12º ano consecutivo, a feira contou com o Espaço ADD – Arena Sports. Nesse local, concomitantemente à feira, foram realizadas diversas atividades esportivas voltadas às pessoas com deficiência. No total, foram mais de 32 horas de basquete, vôlei, handebol, rúgbi e badminton. A arena também contou com a presença de atletas paraolímpicos.

Test-drives e veículos adaptados

Nesta edição, a organização da feira decidiu ampliar a área para os test-drives, para garantir maior comodidade e segurança para o público, que cada vez mais procura veículos adaptados. Segundo dados da Abridef (Associação Brasileira da Indústria, Comércio e Serviços de Tecnologia Assistiva), nos últimos cinco anos (entre 2014 e 2018), a venda de carros zero km com isenção para pessoas com deficiência mais do que triplicou (de 84 mil para 264 mil).

A General Motors realizou, em média, 120 test-drives por dia de feira com cinco veículos adaptados. Em exposição estática, a GM mostrou a Spin com rampa para cadeirante, onde o usuário é içado para dentro do veículo e faz o trajeto na própria cadeira de rodas. “Temos acompanhado o crescimento do setor de Pessoas com Deficiência pela Reatech e, por isso, o evento é importante para a GM. O fluxo de visitantes foi muito bom durante todos os dias. As pessoas buscaram informações sobre as condições de desconto e oferecemos um bônus de R$ 500 a R$ 1 mil, dependendo do veículo, que poderá ser usado até três meses após a Reatech”, afirmou Kleber Cruz, gerente regional de Vendas Diretas.

A Honda, que participou de todas as edições da Reatech, ultrapassou os 400 test-drives durante o evento. “Neste ano, trouxemos a versão personal do Honda FIT, que tem um sistema de banco (Magic Seat), permitindo a pessoa com mobilidade reduzida ajustar o banco de diversas maneiras. Os porta-malas dos nossos carros também comportam diferentes modelos de cadeiras de rodas, mesmo aquelas que não são dobráveis. Importante destacar que as concessionárias da Honda cuidam de toda a documentação junto aos órgãos competentes, e não é cobrado nenhuma taxa por este serviço”, disse Luiz Henrique Sanches, supervisor de Vendas Diretas.

A Toyota levou o Prius e o Corola para test-drive com acelerador e freio manuais e manopla no volante, além de apresentar 11 acessórios importados “amigáveis” do Japão, que estão testando a receptividade dos consumidores brasileiros, como encostos de banco para lombar, assento giratório (para idosos e obesos), extensor do cinto de segurança e puxador da tampa do porta-malas.

A Mercedes-Benz participou pela primeira vez da feira e afirma que os resultados foram tão positivos que estará no próximo evento. “É a primeira vez que participamos da feira, ela é bem grande para o segmento e foi uma grande surpresa para nós. Estamos apresentando uma tecnologia inovadora na Sprinter e por isso recebemos muitos cadeirantes e também donos de locações de carros interessados em adquirir a van para fazer adaptações para conseguir transportar crianças e adultos. O evento gerou bastante contato e agora vamos ver se conseguimos fechar esses novos negócios nos próximos meses”, destacou Jessica Masana, Analista de Marketing e Comunicação da empresa.

A Renault e a Volskwagen ofereceram test-drive de seus veículos com transmissão automática e direção elétrica. Já a Fiat apresentou, em seu estande, um Dobló com rampa para cadeirante.

Para a Jeep, a Reatech é muito importante porque representa um momento de aproximação da marca com um público que, merecidamente, vem ganhando visibilidade, ainda que haja muito para se conquistar em termos de inclusão e oportunidades, afirmou Fábio Meira, diretor de Vendas Diretas da Fiat Chrysler Automóveis. “Além disso, temos orgulho de ter mostrado na feira dois produtos competitivos e que chamaram muita atenção. No caso, o Jeep Renegade PCD, um dos modelos de maior sucesso nesse mercado, e o Jeep Compass Longitude Diesel, uma excelente opção para o cliente que podemos chamar de PCD Premium”, disse Meira.

A Cavenaghi, que fabrica adaptações em automóveis para motoristas com algum tipo de limitação, apresentou uma modificação que garante total autonomia ao cadeirante. A empresa expôs uma Ford EcoSport com os equipamentos, que ainda estão em fase de certificação. O veículo possui sistema automático para abertura da porta traseira (porta-malas) acionado por controle remoto. Em seguida, uma rampa, também automática, desce. Com os bancos traseiros rebatidos, o cadeirante sobe e se posiciona em frente ao volante, fecha a porta e sai com o carro sem a necessidade de nenhum auxílio. A exigência é que seja uma cadeira de rodas motorizada.

Mônica Cavenaghi, diretora comercial da empresa, afirmou que a Reatech é um momento de encontro de pessoas com o mesmo propósito e oferece possibilidade de relacionamentos com novos clientes. “A organização está de parabéns no sentido da estrutura da feira. Eu vejo uma feira mais profissional, que era uma demanda que a gente já pedia há muitos anos. Nós somos muito parceiros da Reatech, é um evento muito importante pra nós, e vamos voltar a pensar juntos em novas soluções”, afirmou Mônica.