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Saúde Mental e Bem-estar precisam de academia ou boa gestão?

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Segundo uma pesquisa encomendada pelo Fórum Econômico Mundial, 53% dos brasileiros notaram uma piora nos quesitos saúde mental e bem-estar nos últimos 12 meses.

Um levantamento da “Harvard Business Review” mostrou que funcionários infelizes produzem até 18% menos quando comparado aos demais. Segundo a Kenoby, desenvolvedora de softwares de recrutamento, as empresas reagiram ao agravamento da situação durante a pandemia e seu isolamento e trabalhos em casa forçados e 37,7% das companhias já adotam benefícios voltados para melhorar esses dois aspectos da vida de seus colaboradores, enquanto 38,7% ainda não contam com a iniciativa, mas garantem estar estudando a possibilidade.

Recentemente, a Forbes e outras revistas de negócios publicaram sobre iniciativas de diversas empresas brasileiras com o objetivo de apoiar às pessoas com estas 2 questões, tais como fazer parceria com a Gympass para beneficiar 15000 funcionários a terem acesso a academias, exercícios on line, meditação entre outros serviços oferecidos.  Outra medida é montar ou disponibilizar equipes de médicos para o caso de alguma dúvida tanto sobre sintomas de Covid-19 quanto outros aspectos surgidos durante a pandemia e sua reclusão forçada pela quarentena.

Estou certa que muitas empresas tiveram boas intenções em tentar disponibilizar estes benefícios adicionais às suas equipes.

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Por outro lado, nas minhas andanças de consultora pude notar decisões muito conflituosas com todas essas iniciativas. A primeira delas é a demissão de muita gente, ou a não contratação de equipes por congelamento mesmo depois de terem resistido a um tempo sem demissões. Vi em várias empresas a sobrecarga das equipes que ficaram e sem nenhum preparo ou adaptação para fazer essa sobrecarga ou ainda gerenciar os trabalhos de forma remota.  E este é um outro assunto.

Muitas lideranças assumiram as agendas do trabalho remoto como se estivessem na mesa ao lado das pessoas, sem organização ou controle e ainda promovendo chamadas o tempo inteiro, reuniões sem foco ou pautas, só para constar presença dele e checar a presença dos demais. Eu cheguei a ouvir “Não posso deixar os caras ficarem assistindo a sessão da tarde né gente”. Sim, acreditem.

Portanto, minha conversa aqui hoje é para refletirmos esse papel tão provinciano que ainda adotamos como gestão e liderados. É preciso ainda ter as pessoas por perto, em baias, para que possamos vigiar o trabalho e garantir uma dedicação, quase escravocrata, já que você só pára quando for para o seu local de reclusão. E ponto.

De fato, com a chegada do trabalho remoto forçado, às pressas, muitas pessoas se perderam, porque estão acostumadas com um direcionamento de cada passo do trabalho, de acordo com o perfil da liderança vigente. Mas também vimos exemplos de quem tem processos, equipes mais maduras e autônomas e lideranças com mentalidade mais atual, pautada em dados, darem um salto de produtividade e eventuais resultados, mesmo no cenário adverso.

Com a retomada dos trabalhos presenciais tenho visto voltar os mesmos modelos antigos vigentes. É impressionante o quanto aprendemos pouco com nossas experiências de vida, mas especialmente de gestão. Nossa dificuldade em sair do lugar conhecido como profissionais e humanos é muito forte.

Eu conversei com algumas lideranças quando oportuno nos últimos meses vendo estes movimentos híbridos e remotos, e vou dividir com vocês alguns aprendizados que tirei destas conversas que resumidamente são:

  1. Adote um método de gestão. Qualquer que seja, ele sempre vai guiar seu trabalho , da equipe e da empresa em situações de crise e de turnover, em geral como consequência das crises.
  2. Método requer processos e rotinas, que quando absorvidas, tornam as equipes mais eficientes e é possível estar mais atento a resultados, gerando soluções e não gastando tanto tempo em fiscalização do “ponto”. Além disso, é preciso ter um método até para ver se ele funciona para a equipe e empresa e mudar se for o caso, fazer adaptações.
  3. Garanta informações compartilhadas e disponíveis para a empresa (a quem for de direito, claro). Pessoas que tem tudo na sua própria cabeça e não desejem sistematizar seus métodos, implementos e processos são sérios candidatos a serem obsoletos rapidamente em uma cultura de dados que nos assola. Com menos pessoas nas equipes é importante ter agilidade de respostas também em caso de alguma eventual ausência, ou mesmo por férias programadas (sim, é preciso tirar férias, lembra?).
  4. Ensine suas equipes a terem pensamento sistêmico, como PDCA, Projetos, ou simplesmente cenário/ intervenção/ resultado para que tenham condições de trazer pensamentos, problemas ou desafios de forma mais completa, economizando tempo (que é muito dinheiro hoje em dia) e direcionando esforços a resultados. Temos ensinado técnicas muito pontuais e pouco desenvolvimento de pensamento e isso foi claramente percebido em performance nas equipes e empresas neste último período.

Enfim, vale lembrar que a tecnologia pode ajudar tudo isso acontecer, seja com sistema de apoio a gestão de projetos, compartilhamento em nuvem , sistemas de reunião remota, metodologias ágeis com kan ban etc. Existe uma infinidade de apoios, mas é preciso ter ao menos em essência os 4 passos acima e depois avaliar as ferramentas que atenderão essa cultura a ser implementada.

Espero que possamos aprender um pouco com tudo isso que vivemos, trazer mais qualidade de vida de fato e reduzir a sobrecarga física, emocional e profissional com a desculpa de dar um serviço como benefício a mais para um profissional trabalhar 14 a 16 horas por dia pela desorganização e cultura…vai aproveitar quando?

Seguimos aprendendo nesta nova era.

Mais textos em: portalradar.com/blogs e www.abrindooolhar.com.br

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