A criação de um Fundo Estadual para capacitação de mão de obra e a implantação do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) em âmbito estadual foram algumas das sugestões feitas durante uma audiência pública da Frente Parlamentar do Coronavírus da Assembleia Legislativa do Paraná.
A reunião foi realizada em formato remoto na manhã da última terça-feira (24) e reuniu representantes de associações do setor de produção de eventos sociais, corporativos e esportivos, além de políticos e profissionais ligados à área, que falaram das experiências obtidas até agora.
Caso do prefeito de Foz do Iguaçu, Chico Brasileiro. Ele detalhou como o município da fronteira com Paraguai e Argentina sofreu com o fechamento do setor. “Os eventos impulsionam o turismo e nossa cidade foi muito prejudicada”, avaliou.
Por lá já se projeta a retomada. Isso começou a ocorrer quando 70% da população estava vacinada com a primeira dose.
“Projetamos eventos corporativos e sociais agora para o mês de agosto. No caso dos corporativos, para até mil pessoas, estabelecendo critérios”, explicou.
“Em outubro, quando teremos 100% da população vacinada com a primeira dose e 70% com a segunda, pretendemos liberar para o público em geral. Essa regra vale também para eventos sociais como festas, casamentos e shows, por exemplo”, ressaltou o prefeito.
Em vez de testagem do público, a ideia, de acordo com o prefeito, é o monitoramento pós-eventos. Isso ocorrerá em parceria com a vigilância sanitária.
Eduardo Pimentel, vice-prefeito de Curitiba, que está atuando nessa retomada na capital, disse que o Sebrae tem sido parceiro do Executivo municipal.
“Estamos desenvolvendo junto ao Sebrae mil horas de consultoria gratuita com as microempresas do setor da Região Metropolitana de Curitiba para que possam avançar nesse processo”. Somente em Curitiba, em 15 meses de pandemia foram cancelados 3500 eventos.
Experiência do Estado de São Paulo
Apresentando diversos exemplos de eventos-teste, Eduardo Aranibar, subsecretário de Competitividade da Indústria, Comércio e Serviços da Secretaria de Desenvolvimento Econômico do Estado de São Paulo, detalhou como está sendo o calendário de retomada do estado vizinho.
Ele citou o exemplo do evento-modelo Expo Retomada, apresentando imagens e o cronograma construído em parceria com a vigilância sanitária.
Setor ensaia retomada
Fábio Skraba, presidente da Associação Brasileira de Empresas de Eventos no Paraná (ABEOC/PR) sugeriu, ao longo da reunião, a criação de um fundo que, entre outras soluções, serviria para qualificar a mão de obra para o pós-pandemia.
“Seria o Fundo Paranaense de Turismo e Eventos, com gestão da Fomento Paraná e que forneceria linhas de créditos a juros mais baixos”, explicou.
Ele disse ainda que o estado já realizou alguns eventos-teste com sucesso, frisando que o Paraná está preparado para a retomada dos eventos.
Júlio César Hezel, presidente do braço paranaense da Associação Brasileira de Eventos no Paraná (Abrafesta/PR), disse que quatro mil eventos sociais foram cancelados ou adiados no estado e que para 2022, como falta um calendário de retomada, eventos que seriam realizados por aqui foram transferidos para outros lugares.
“Nós precisamos voltar a ser vanguarda nesse setor, mas por falta desse planejamento estamos perdendo, tanto para estados vizinhos como para outras regiões. Nós temos estrutura física e profissionais para esses eventos. O próximo Decreto do Governo precisa vir com essa sinalização. Precisamos trazer os nossos clientes de volta”, desabafou.
Mac Lovio Solek, presidente da Associação Brasileira de Promotores de Eventos Região Sul (ABRAPE) falou sobre os incentivos para a retomada do setor aprovados pelo Congresso: o Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), que dá às empresas, entre outros pontos, a possibilidade de renegociação de dívidas (tributárias ou não) com descontos de até 70% e prazo de até 145 meses para quitação.
“A regulamentação desse programa precisa acontecer e, aos poucos isso vem ocorrendo. E vou entregar hoje ao deputado Michele um documento com a proposta deste programa em nível estadual”, destacou. “Temos que tirar esses jovens das festas clandestinas e levá-los a eventos seguros, fazendo o nosso setor voltar a crescer e contamos com a Assembleia Legislativa para isso”, solicitou.
Alexandre Leprevost, vereador de Curitiba, disse que, entre outras medidas, a Câmara Municipal acaba de aprovar um projeto de lei que promove a moratória para os empregados do setor, mas que isso não basta. Para ele, o Paraná poderia ter dado um passo à frente nessa retomada, já que considera o setor de eventos um aliado fundamental para a economia.
Outro dado que o vereador avalia ser fundamental é a utilização do aplicativo da prefeitura Saúde Já, que comprova a imunização do público.
“O aplicativo poderia funcionar como uma espécie de passaporte para o acesso do público aos eventos. Assim se garante mais segurança nos ambientes em que os eventos acontecem “.
Nestor Werner Júnior, diretor-geral da Secretaria de Estado da Saúde (SESA) informou que o Decreto 8178 já trouxe alguns movimentos de liberações de público para o setor de eventos. “Temos condições para avançar ainda mais frente aos números da vacinação “, disse.
Werner propôs a criação de um grupo para atuar no planejamento solicitado pelos participantes da audiência.
“Creio que o governo tem o maior interesse nessa etapa e já absorvemos as experiências que ouvimos aqui hoje, tanto negativas quanto positivas, para aplicarmos ou não aqui no estado”, declarou.
Michele Caputo lembrou que um grupo já foi formado em abril deste ano, mas que falta a presença da SESA.
“O Decreto 7443 instituiu esse grupo importante voltado para o ator de eventos e, com a pasta da Saúde inserida, acredito que ele vai avançar na retomada”, finalizou.
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