Se você vem acompanhando o Portal Radar ao longo destes meses de pandemia, deve ter reparado que um país vem ganhando atenção especial: Alemanha. Seria fixação? Uma paixão escondida por eles? Reflexos do 7×1? Não. Assim como eles foram eficazes em conter os avanços da COVID-19 no país, os alemães também deram um show em relação a suas feiras de negócios. Como já contamos no Portal Radar, a Alemanha conseguiu de maneira muito rápida colocar as feiras em um regime diferenciado de outras “grandes aglomerações” como festivais, shows e etc. Além de um trabalho muito bem realizado pelas empresas do setor – através de sua associação, a AUMA – esta conquista vem junto com um reconhecimento antigo do país em relação ao poder das feiras para ativação (e reativação) da economia.
E bota antigo nisso. Na Idade Média, todas as principais rotas comerciais europeias cruzavam a Alemanha, formando entrepostos comerciais em Frankfurt, Leipzig, entre outras cidades alemãs. Nesse momento, as feiras eram usadas principalmente para o comércio de longa distância e eram considerados pontos de comércio de mercadorias para comerciantes de toda a Europa. As primeiras linhas ferroviárias seguiram as mesmas rotas, assim como as rodovias nos séculos seguintes.
No decorrer do século XVI, Leipzig, em particular, ganhou mais importância devido à sua localização geográfica favorável como um centro entre as rotas comerciais leste-oeste e norte-sul e evoluiu para o mais importante centro de exposições da Europa em 1800. Leipzig manteve essa posição sem contestação por um longo tempo.
Um pouco mais a frente, a Revolução Industrial do século 19 tornou a Alemanha uma potência fabril do continente, trazendo novamente à tona a sua importância e aumento consideravelmente o tamanho das mesmas. No século 20, esse crescimento foi interrompido por duas guerras mundiais. Mas a tradição foi revivida imediatamente após a derrota alemã em 1945.
Com Leipzig ficando para o lado soviético após o final da Guerra, os alemães voltaram seus olhos para Hanover. Foi lá que, em 1947, aconteceu a “feira de exportação”. O evento logo tornou-se uma ótima ferramenta de marketing para os exportadores de máquinas – que estava em expansão da Alemanha.
Enquanto a Alemanha Ocidental desfrutava de seu “milagre do Reno” – crescimento econômico na década de 1950 – as feiras do país aumentaram novamente e colaboraram para impulsionar o mercado alemão.
Ou seja, o que começou graças a facilidades geográficas de séculos atrás, se transformou em grupos especializados e um nicho importante para a economia moderna e global. Frankfurt, Düsseldorf, Hannover, Munique, Colônia, Berlim, Nuremberg, Stuttgart, Essen, Leipzig e Hamburgo abrigam hoje as principais feiras do mundo.
Vamos aos números:
– Cerca de 160 a 180 feiras internacionais e nacionais são realizadas no país todos os anos, com cerca de 180.000 expositores e dez milhões de visitantes.
– Expositores e visitantes gastam um total de cerca de € 14,5 bilhões por ano em suas atividades em feiras na Alemanha. O efeito geral sobre a produção econômica é de 28 bilhões de euros, os organizadores de exposições alemães postam vendas de cerca de 4 bilhões de euros por ano. Das dez empresas de feiras de maior bilheteria do mundo, cinco estão sediadas na Alemanha.
– A Alemanha possui 25 centros de exposições, com um espaço combinado de 2,8 milhões de metros quadrados. Os centros de exposições alemães investem cerca de 300 milhões de euros por ano na otimização de suas instalações.
– Quatro dos oito maiores espaços de exibição do mundo estão localizados na Alemanha e dez no país têm capacidade de mais de 100.000 metros quadrados.
– Aproximadamente 100 organizadores de feiras atuam na Alemanha, dos quais cerca de 40 realizam feiras internacionais.
São realidades muito diferentes, eu sei. Tanto geograficamente, como tamanho de país, poderio econômico etc, etc, etc. É impossível querer comparar a realidade Brasileira com a alemã. Mas que da vontade de um futuro igual… Ahhh, isso dá!
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