Vai ter Carnaval de rua em 2023?

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Por Marcus Quintanilha Filho

Parece uma saga, triste, mas essencialmente previsível. É tão calculável que alertei, em julho de 2021, sobre a impossibilidade de haver um carnaval de rua em Salvador, agora em 2022, relembre:https://portalradar.com.br/nao-teremos-carnaval-de-rua-em-2022-e-ponto-final/?amp

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Na época, já explicava nas entrelinhas questões que são marginais, porém importantes na avaliação política e sociológica. Não necessita de “replay”, mas alguma nuance desse texto permanece atual e sugiro releitura. Trouxe até um tom crítico, mas realista, sabendo que esse modelo mental parece ser o da maioria da população. Traçando um paralelo, os “Navios” que movimentam mais de 2,5 bilhões, foram suspensos por causa dos surtos, em dezembro de 2021.

Lição de 2021/2022: nada pode ser tratado como certo, envolvendo aglomerações e públicos imensos, até que a pandemia cesse.

Sou profissional de Marketing antes de ser de eventos, e, antes de tudo, professor universitário. Tento ser didático e usar da lógica nas considerações que trago para ajudar o segmento de grandes eventos, a exemplo do Carnaval de rua de 2023 em Salvador/Bahia, com meu ponto de vista.

Vejamos:

Nas notícias dos principais portais do país já temos indicação da não realização do Carnaval de rua em 2022 em todas as capitais. O Rio de Janeiro cancelou (04/01/22) os blocos de rua, trazendo até uma prévia do que teremos pela frente.

Os eventos, na Bahia, para cinco mil pessoas seguem liberados, mas o Jornal Correio* noticiou o que parece ser uma tentativa de manter o “status quo”:

https://www.correio24horas.com.br/amp/nid/regioes-da-ba-com-75-de-ocupacao-das-utis-covid-so-podem-ter-eventos-com-100-pessoas/

Temos, portanto, um importante indicador-chave: a taxa de ocupação de UTIs para COVID versus o número de pessoas em eventos. Para mais de 75% de ocupação, só serão permitidos eventos com até 100 pessoas. Dia 04 de janeiro de 2022, está informado em Salvador, a taxa de 64%. Mas já vimos que temos também a capacidade de ampliar a oferta de leitos. Vejam que ainda sofremos o estresse de riscos aos eventos até com uma capacidade menor, para completar as incertezas.

Um outro parâmetro, que particularmente me incomoda, é a nova onda na França, em especial. Por lá, temos 73,5% das pessoas com duas doses de vacinas, com pouco mais de 67 milhões de habitantes e chegando a recordes de infectados, com 270 mil em um dia. É um dado importante, até porque sempre temos um movimento na Europa e posteriormente, no Brasil, seguindo o que vimos até a data atual. No site G1, temos o registro:

https://g1.globo.com/google/amp/mundo/noticia/2022/01/04/franca-registra-novo-recorde-com-mais-de-270-mil-novos-casos-de-covid.ghtml

Tivemos ainda (03/01) mais de 1 milhão de infectados nos EUA, outro recorde. Mas vamos parar por aqui.

Apesar da redução proporcional de mortes, provavelmente por conta da cobertura vacinal, essas notícias são muito relevantes dentro do cenário de grandes aglomerações. Devemos ter – entre as ondas – eventos menores mantidos, até por uma lógica de necessidade do lazer coletivo. Mas estamos avaliando grandes eventos a exemplo do Carnaval de rua de Salvador e não aqueles menores, passíveis de controle do acesso apenas de vacinados em duas doses ou mais, faço questão sempre de manter essa distinção.

Deixando as suposições de lado, teremos nesse ano de 2022 as eleições presidenciais e de governadores, passando o bastão na virada do ano. Outro fator que interfere diretamente no Carnaval de rua em 2023, serão as avaliações de eficácia das vacinas e agressividade das novas variantes. Temos que estar atentos, desde já!

Enquanto escrevo esse texto, mais uma variante surge, para nossa completa inquietude frente ao caos da pandemia que enfrentamos desde o início de 2020. Mais uma interrogação:

https://www.istoedinheiro.com.br/franca-detecta-nova-variante-ihu-do-novo-coronavirus/

Não vou sugerir nenhuma possibilidade sobre o tema, pela minha incapacidade em avaliar cenários sanitários futuros. Mas nossa torcida deve ser no sentido das variantes atenuarem seu poder de infecção, mantendo a sua vida e a do hospedeiro, nesse caso, a raça humana. Parece filme de ficção e terror, mas é o que temos de informações disponíveis. Se isso acontecer, podemos ter um rápido retorno à normalidade. Vamos torcer!

Então, já surge a pergunta: vamos ter carnaval de rua em 2023?

Seria irresponsável dizer que sim ou não. Mas também é irresponsável deixar de avaliar os dados atuais e projetar as relações entre novos governos e suas prefeituras: um novo indicador para saber se haverá ou não uma situação favorável – e política – para tanto.

Sabemos que o Carnaval de rua carece de planejamento, tempo e boa vontade dos governos nas duas esferas. Diante dessa resposta nebulosa, sugiro novamente que os planejamentos sejam pautados pelo ceticismo nas decisões sobre o assunto. 

Marcus Quintanilha Filho é Escritor, Economista, Professor de Marketing e Produtor cultural. @quintanilhareal