POR PAULO PASSOS
A última bola de cristal que quebrou, em nossos dois anos repletos de previsões furadas, foi o retorno gradativo dos eventos neste período de fim da pandemia.
Achávamos que voltaria feito uma bola de neve, mas voltou feito uma avalanche!
A conta é simples: antes da pandemia, uma montadora tinha, por exemplo, uma equipe de 20 pessoas para montar dois estandes. Um exemplo fictício.
Agora, neste momento “maluco” que estamos vivendo, esta mesma montadora tem 4 funcionários, conseguiu mais 6 freelas, totalizou, portanto, 10, ou seja: metade da força de construção que tinha antes.
Como existe uma grade que tenta se ajustar, eventos que tradicionalmente apresentam estandes complexos construtivamente, hoje estão na mesma semana e desta forma, a turma dos 10, que eram 20, que são 6 de fato, estão tendo de montar 4 em vez dos dois.
Parou por aqui? Infelizmente não! Temos ainda o coeficiente prazo. Para acomodar a grade, diversos eventos estão com períodos menores para montagem e desmontagem.
Pensar em prazos mais curtos no papel é fácil!
Pensa que acabou? Temos ainda um universo considerável de empresas que se apresentam como montadoras, mas nem galpão tem. Outras, levadas a nocaute pela pandemia, tiveram de se desvencilhar de parte de sua infraestrutura, e passam por um período de terceirização considerável da operação.
Não se enganem, na dor de barriga, isso faz a diferença!
Não, não acabou, temos ainda o fator financeiro. Com verba e tempo para planejamento, construímos e montamos tudo. Infelizmente, passamos por um período de verbas aquém dos desejos de nossos clientes e decisões em cima da hora.
Não vou nem falar dos prazos de pagamento, para não ficar mais mal-humorado ainda…
Resumindo:
Menos gente + Mais estandes – prazo – estrutura – verba = fórmula exata para dar errado!
É só entrar em uma montagem… O clima está pesado e todos, sem exceção, muito tensos.
O pavio está aceso e o paiol está cada vez mais perto.
Urge tomarmos atitudes em conjunto.
É muito fácil culpar um ou o outro…
Não há mais espaço para conversas de salão e necessitamos da união de todo o setor para vencermos mais esta etapa.
Já provamos que unidos somos mais fortes! Quer exemplo melhor do que o trabalho feito pelas entidades do sistema expositor para retomada?
Estamos adotando o modelo de trabalho arriscado do motoboy que, contra o relógio, diariamente faz inúmeras vítimas. Profissionais que se arriscam, para entregar no menor prazo possível, visando pagar suas contas.
Temos de montar uma grade de eventos pensando no todo e não só na ocupação do calendário.
Temos de ter tempo para montagem e desmontagem compatível com as características de cada evento.
Temos de entender nossa capacidade e saber dizer não!
É o momento de todos se unirem. Podemos perder um pouco? Sim, mas é melhor cada um perder um pouco agora, do que perder tudo, ou até vidas!
*Paulo Passos – diretor executivo da ABRACE – Associação Brasileira das Empresas de Cenografia e Estandes