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As adversidades e a superação com uma cultura mais inclusiva

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POR SAMANTA LOPES

Ano novo, novas promessas, novas listas e novas perspectivas. Mas será que essas ações dentro das mesmas ‘bolhas’ farão diferença e ajudarão a superar as adversidades e o inusitado em que ainda vivemos? 

No segmento corporativo, o planejamento anual geralmente começa em outubro e mapeia tudo o que será estratégico para o crescimento da empresa no ano seguinte. São projetos, verbas, metas, enfim, a estrutura do ano que virá.

Com isso, fica aqui outra pergunta: os protagonistas dos grupos de identidade com os quais sua empresa quer falar estão presentes e têm voz ativa nessa etapa? 

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Quem são as pessoas líderes que assumem as tarefas? São pessoas protagonistas, aliadas ou especialistas? São pessoas que recebem todo o suporte para definir os próximos passos ou simplesmente recebem as metas e têm de “fazer acontecer”? 

A adversidade que foi vivenciada nas empresas desde 2020 atravessou e desvirtuou todas as previsões e os planos de contenção para situações de crise: poucas conseguiram sair ilesas ou melhores.

E algo curioso sobre essas que conseguiram sair melhores é que elas aceitaram ser ainda mais inclusivas e assumiram a si mesmas, durante esse processo pandêmico. 

Vamos a um caso. Recentemente, o cantor Thiaguinho, dono da editora “Paz & Bem”, que cuida de seu acervo musical, celebrou a manutenção de sua base de colaboradores: não demitiu nenhuma das 210 pessoas com as quais trabalha e conseguiu, ainda, alavancar um faturamento significativo de sete dígitos.

Além de outras atividades como embaixador de marcas que vão da área esportiva até bebidas, ele garante a parte social de suas ações. É um combatente nas questões raciais e mantém uma conduta impecável enquanto cidadão. 

Ele é um homem negro retinto — de pele mais escura — e começou na área artística do entretenimento, uma das poucas portas para além do esporte e da alimentação, segmentos em que pessoas negras geralmente são consideradas ícones, como Beyoncé, Iza, Marta Silva, Djamila Ribeiro, Emicida, entre outras.

São segmentos nos quais há mais flexibilidade para o diverso — e aqui há um ponto importante — são áreas mais abertas a explorar a diversidade cultural das pessoas, tornando-as referências. 

Vale olhar para as pessoas da comunidade LGBTQIA+ como Pabllo Vittar, Majur, Liniker, pessoas com deficiência, como a Pequena Lô, indivíduos que trazem diversas interseccionalidades, como Bielo Pereira, que se autodenomina “preta, gorda maior, trans, bigênere e que ama dar voz a todas as minorias”.

Durante a pandemia, todas ampliaram sua atuação através das mídias sociais como Instagram, YouTube e TikTok, sempre usando uma abordagem mais leve, bem-humorada e mostrando suas vivências para conectarem-se a um grande público, que geralmente não as seguiria se fossem abertamente agressivas e em constante atitude de enfrentamento quanto às atitudes e barreiras preconceituosas que encontram a cada passo. 

Os exemplos anteriores mostram que as empresas precisam ser mais abertas a usar o potencial dessa diversidade para superar as adversidades em momentos como os atuais, em que há uma grande incerteza em todos os âmbitos. 

Eu, enquanto educadora e empreendedora, troco com pares e pessoas mentoras sobre quais serão as profissões que contratarão pessoas nos próximos cinco ou dez anos e a única certeza é a de que estarão conectadas ao digital.

Outro ponto é que a busca por fontes de energia alternativa precisa ser mais assertiva para suprir a demanda crescente de acesso à internet e tecnologia, porque, em breve, tudo estará conectado e certamente vamos usar dados e gastar energia para manter essa rede ativa. 

A pandemia mostrou que não temos estrutura para um cenário de cidades inteligentes devidamente preparado, e as empresas serão protagonistas dessas novas estruturas, que precisam levar em conta esse novo usuário digital.

Aqui, a inteligência para gerir com segurança esses ambientes e dados precisará ter uma interface que traga boas experiências para qualquer pessoa usuária, respeitando suas necessidades quase que de forma customizada. 

E a cultura inclusiva fará toda a diferença! 

Times plurais que elaboram projetos desde sua concepção, com visão inclusiva e diversa, considerando as realidades dos grupos que serão atendidos pelo projeto, serão responsáveis pelo “wow!” dos usuários. 

Retomando o caso do cantor Thiaguinho, a equipe que lhe dá suporte garantiu que, mesmo sem as bilheterias para 4 mil pessoas, para as atividades nas quais ele atua, o digital foi fundamental, mas, sem pessoas coordenando tudo isso, não haveria sucesso. 

Isso mostra que, olhando para a realidade na qual estamos inseridos, é preciso sair daquele lugar de criar um serviço ou produto que seja comprado porque não há opções, pois não existe mais. Hoje, temos uma diversidade de marcas que estão se especializando dia após dia. Ser dona de tudo e impor seu jeito só desvirtua essa essência.

Basta ver quais marcas lideram o mercado e quais são conglomerados que fazem sua gestão: todas que tentaram mudar produtos e serviços para deixar do seu jeito voltaram atrás porque começaram a perder um mercado cativo que geralmente tem uma autoidentificação com o que consome e com as tradições construídas ao longo da vida, com suas amizades e sua família. 

Então, superar as adversidades sem a cultura inclusiva será uma tarefa cada vez mais difícil, porque o risco de cometer gafes e ofender ao invés de encantar, cresce a cada ação feita por “achismo”, “costume” ou pela “tradição” de que sempre foi assim. 

Indico que você traga a diversidade para a sua estratégia e adote uma cultura inclusiva. Esse é um caminho sem volta que vai fazer sua empresa ser muito mais ágil, mas tudo são escolhas. Qual será a sua? 

*Samanta Lopes é coordenadora MDI da um.a #DiversidadeCriativa, agência de live marketing

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