POR RONALDO BIAS FERREIRA JR.
Nossa rotina de eventos online continua, mas, felizmente, já estamos voltando a frequentar eventos presenciais. De uma forma ou de outra, todos já nos deslocamos e participamos de algum encontro pessoalmente, seja um treinamento na empresa, seja uma feira de negócios, uma convenção de vendas, uma viagem de incentivos, ou até mesmo um simples happy hour com os amigos ou aquela desejada festa de casamento que finalmente pode acontecer.
Estamos todos, de alguma forma, impactados ou transformados pela cultura de mudanças destes novos tempos e, ao mesmo tempo, ansiosos para ver as coisas e as pessoas, após todas essas provocações as quais fomos expostos nestes últimos dois anos.
Não sei vocês, mas eu fiquei bem mais exigente. Parece que todo o período recluso devido a pandemia me fez entender no que de fato eu tenho interesse, para o que de verdade eu dou valor, onde eu vou ou o que eu gostaria de priorizar e aceitar para estar de bom grado em qualquer tipo de evento para o qual eu seja convidado, seja ele social ou corporativo.
Então, se você quer melhorar a audiência ou a presença das pessoas no seu evento, ou mais importante ainda, garantir que elas voltem e aceitem seus próximos convites, a seguir deixo uma “listinha preciosa” de ações afirmativas que o time da um.a observou serem eficazes.
As pessoas geralmente se interessam por um evento por algumas razões:
1. Representatividade: querem tratar de temas que incluam suas dores ou desejos;
2. Querem enxergar o futuro: entender as tendências e os caminhos possíveis para melhorar suas vidas;
3. Querem conexões práticas: estar perto de gente que faz;
4. Querem relacionamento humano: ser abraçadas por seus amigos ou comunidades.
Então, esteja conectado à realidade, entenda o público-alvo de seu evento e busque definir a partir dele os temas de interesse a serem tratados em sua programação. Um evento nunca começa nele mesmo, ele sempre é reflexo de seu tempo ou de sua comunidade.
Por isso, é legítimo e oportuno que seja ativado muito antes da data ou do período de sua realização, e o mesmo vale para o pós-evento. Se um evento é percebido como uma ação de resultado pelas pessoas, ele tem o poder de criar novas comunidades e ir muito além do espaço físico ou virtual no qual foi concebido.
Se um evento está conectado ao seu público, ele também vai acertar na curadoria de temas que vão falar de um futuro ideal, mas, principalmente, vai apresentar as melhores práticas para que as pessoas e as empresas tenham acesso ao melhor futuro possível, a partir do que já existe disponível nas comunidades regionais, nacionais ou globais que o cercam.
Um evento deve de fato servir às pessoas. Já se ligou de que estes são tempos de compartilhar informações, de apresentar cases e seus protagonistas? De mostrar o poder da atitude de cada pessoa, o poder de influência das comunidades e o poder de transformação das corporações?
O público quer menos PPT professoral e mais experiência prática. Por isso, como diz minha amiga Elena Crescia, do TEDxSP, “Torne sua apresentação memorável contando uma bela história sobre o tema que você deseja falar”. A audiência está interessada em painéis com menos convidados e mais gente interessante, que tenha algo original a dizer.
E aqui, uma dica à parte sobre patrocinadores: sabemos da necessidade e da força do apoio deles nos projetos, mas estes também devem estar lá para servir às pessoas. Não devem interferir no fluxo dos temas ou informações de conteúdo do evento.
A audiência está cada vez menos paciente com vídeos ou speeches comerciais que atravessam de forma truculenta as programações. As marcas apoiadoras devem estar presentes para que todos percebam o seu apoio explícito às causas ou aos temas tratados, mas de forma passiva, nunca no palco.
Os patrocinadores devem e podem promover links de acesso para quem desejar saber mais sobre suas soluções ou podem marcar presença a partir de brindes pertinentes que os convidados podem levar para suas casas ou empresas.
Por falar em brindes ou todos os recursos que precisamos ter para que os eventos aconteçam, nada é mais revoltante do que ser testemunha do uso indevido de plástico e outros materiais descartáveis, de buscar e não encontrar uma lixeira de recicláveis no espaço, do uso irresponsável de papel ou de brindes que nos lembram que, de alguma forma, estamos contribuindo para destruir o nosso planeta.
Outro recurso que deve ser usado com atenção pelos organizadores de eventos é a tecnologia. Para ser inclusiva, a tecnologia precisa ser amigável e, mais uma vez, trabalhar a serviço das pessoas – antes de inovar e nos surpreender com o universo do Metaverso e das NFTs, ela precisa fazer o básico, que é dar acesso, prover informações 100% atualizadas, permitir conexões e interações entre as pessoas que estão presentes ou participando de forma online.
Já passamos do tempo em que podíamos pedir para a audiência desligar seus celulares a fim de que possa prestar atenção no palco. Neste mundo 100% conectado, temos que usar os celulares, que se transformaram em extensões dos corpos das pessoas, para interagir e atrair a atenção do público de volta ao palco.
Falando em chamar a atenção do público, vou discorrer sobre comunicação, item vital em todas as etapas de um evento de sucesso. Importante ter a consciência e garantir, cada vez mais, uma linguagem neutra, para mostrar que todos são bem-vindos. É assim que desde o início do processo promovemos senso de pertencimento e criamos ambientes seguros para que as pessoas possam ser quem elas são.
Promover a igualdade por meio das palavras ou das imagens que usamos é fundamental. Os eventos precisam incentivar e usar uma linguagem que inclua e represente todas as pessoas, sem propagar desigualdade, racismo, machismo ou capacitismo.
Para terminar: muitas pessoas vão se dispor a ir a um evento simplesmente porque sabem que lá poderão ver gente diversa e, principalmente, seus pares e colegas queridos. Então, é importante humanizar as relações, ter espaços agradáveis e inclusivos para bons papos e trocas de contatos e informações.
E claro, não pode faltar wi-fi de qualidade, bom café, sanitários limpos, protocolos de segurança e sorriso no rosto das pessoas… Nada muito complicado, né?
*Ronaldo Bias Ferreira Jr. é sócio-diretor da um.a Diversidade Criativa e fundador do programa de capacitação Mestre Diversidade Inclusiva (MDI), em parceria com a Pearson Educacional.