POR ANA CAROLINA MEDEIROS
Acaba de acontecer mais um grande festival que discute, sobretudo, a tecnologia e o mundo dos negócios. O SXSW, sigla para South by Southwest, possui alcance mundial e ocorre anualmente em Austin, nos Estados Unidos.
Conhecido como o maior evento de inovação do mundo, o festival é responsável por reunir empresários, investidores, pesquisadores e artistas que debatem o futuro e as tendências das áreas que permeiam a vida de todos: inovação, tecnologia, música e cinema.
A conferência é passagem fundamental para quem deseja estar atento às novidades que impactam o globo. Uma das principais características do festival é a capacidade que ele possui de conectar as pessoas a tudo o que acontece ao redor mundo.
Em uma época onde as informações são demasiadas e vêm de todos os lugares, eventos como esse são cada vez mais necessários; as pautas abordadas são as que nortearão o ano nos centros de pesquisas e futurismo.
Sendo assim, voei até Austin para viver dias de imersão e estudo em nome do Grupo MM – agência full de eventos nacionais e internacionais, há mais de 30 anos no mercado.
Em sua 38° edição, os avanços tecnológicos continuam a ser o centro das atenções no SXSW, destacando-se como um tema dominante.
Com inovações disruptivas emergindo em áreas como inteligência artificial, realidade virtual e biotechnology, as discussões e demonstrações no evento conduzem a insights e colaborações inquietantes.
Entre as mais reveladoras, está a constatação de Amy Webb, CEO do Future Today Institute. A futurista afirmou que existem três tecnologias alterando o mundo: a biotecnologia, a inteligência artificial e um ecossistema de fatores conectados.
Ainda no segmento tecnológico, os drones e robôs formaram outra tendência altamente discutida na conferência.
Com alta aderência por parte dos consumidores, a preocupação dos especialistas esconde-se na viabilidade de essas máquinas, um dia, serem aptas a nos substituir em tarefas.
Já o Brasil foi muito bem representado com a presença da Casa São Paulo, dona de uma das melhores localizações no South by South.
Os temas desenvolveram-se em torno das comunidades e o mercado que estas fazem girar, além de abordar o empreendedorismo feminino e como esse comércio têm crescido dentro dessas áreas.
Neste ano, o SXSW obteve 30% de presença formada por brasileiros dentro da comunidade.
No que tange a área de notícia e informação, é claro que uma ferramenta controversa não passaria despercebida: o ChatGPT, da OpenAI. Amada por uns, temida por outros, o SXSW reconhece-o enquanto uma das tecnologias que, neste momento, atribuem nova forma ao porvir da criação e distribuição de conteúdo.
O dreamforce, produzido pela Salesforce, agradou ao empregar um aplicativo que pauta o evento – cujo nicho também é o de inovação e tecnologia. Ao fazer uso de inteligência artificial, a ferramenta mostra-se interativa.
É possível criar comunidades e setorizar todo o evento para a sua realidade e objetivos. Dessa forma, quanto mais a inteligência trabalha ao seu favor, mais o aplicativo afunila-se para entregar a experiência que o usuário realmente necessita.
A ideia corrobora com a minha visão que põe como essencial a personalização dos eventos para o público final, de forma a afastar a maximização desses ambientes a fim de aproximá-lo aos participantes.
No campo da engenharia, houve forte discussão em torno do uso de energia limpa como estratégia para reduzir os danos à saúde do planeta.
Com as altas temperaturas registradas no mundo em 2023 – sendo o Brasil um dos países mais afetados pelas alterações climáticas –, urge a implementação de estratégias que amenizem os impactos causados pela emissão de gases decorrentes da produção de energia.
Essa é uma pauta que, definitivamente, veremos tomar espaço assiduamente nos debates sobre o futuro do mundo.
Um tópico ainda pouco discutido na mídia também ocupa espaço na agenda do evento: a crescente dissolução da fronteira entre o digital e o biológico.
A convergência dessas duas esferas está abrindo portas para uma ampla variedade de tratamentos inovadores, como o desenvolvimento de células corporais capazes de sintetizar medicamentos em reação a estímulos externos.
Entrando no campo das relações humanas, a palestra de Brené Brown, professora pesquisadora na Universidade de Houston, foi verdadeiramente impactante.
Com participação de Esther Perel, psicoterapeuta e autora do The New York Times, a agenda destacou o abandono do olhar humano para o semelhante, característica de uma sociedade adoecida que é o efeito e a causa de uma população cada vez mais vulnerável.
Brown nos lembrou que, para promover uma mudança significativa, é essencial olhar para as pessoas e entender suas experiências, emoções e necessidades.
Sua abordagem provocativa e inspiradora desperta um profundo senso de responsabilidade, reforçando a crença de que só podemos verdadeiramente prosperar quando nos conectamos genuinamente uns com os outros.
O SXSW mais uma vez destaca-se como uma vitrine das tendências e inovações que mudarão o futuro.
Desde os avanços tecnológicos mais disruptivos até discussões sobre o impacto das mídias sociais, o evento proporcionou uma imersão profunda em temas cruciais para os negócios e a sociedade.
Com insights provocativos e colaborações inspiradoras, os participantes saem renovados e preparados para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades que o mundo em constante transformação oferece.
*Ana Carolina Medeiros é Diretora de Relacionamento e Inovação do Grupo MM Full Experience.