Por Cristiano Vicenti
A pandemia acelerou um processo de adaptação e renovação do mercado de eventos e nem todos estavam preparados para saltar para o mundo virtual de forma tão instantânea. O digital até faz parte dos eventos há algum tempo, seja nas inscrições online ou apps com programação e interatividade.
No entanto, nem todos os mais de 2 milhões de trabalhadores brasileiros deste setor passaram no funil deste novo modelo de mercado onde, acreditem, sobram vagas.
São muitas as novidades no campo dos eventos on-line e foi necessário criar um workflow totalmente novo que exigiu expertises em produção de vídeo, ferramentas de videoconferência e streaming, tecnologia da informação, marketing digital, entre outros.
A plataforma digital, o uso do palco e até a conexão com a equipe, tudo mudou. Falo isso com a experiência de quem trabalha com vídeo comercial há 20 anos, na Fábula Transmídia, e em maio de 2020 enxerguei a virada para o modelo virtual acontecer na velocidade de um frame.
Foi então que nasceu do zero, em Florianópolis, a startup Fábula Live, orquestrando uma estrutura cenográfica de ponta, com painéis de LED e equipamentos de videoprodução/streaming, oferecendo soluções digitais para marcas que estavam à deriva sem o público presencial.
Em dez meses já montamos cinco estúdios (três em Santa Catarina e dois em São Paulo) e atendemos 150 clientes em cerca de 700 transmissões, que alcançaram mais de 1,2 milhões de pessoas. Em média, 70% dos nossos clientes tiveram maior audiência no modelo virtual, que pode custar até 60% menos.
E este novo mercado não dá sinais de retração, muito pelo contrário. Em agosto de 2020, uma pesquisa do Google com usuários do Youtube mostrou que 70% dos entrevistados já assistiram pelo menos uma live, 34%, viram seis ou mais, e 24% viram mais de dez.
O aumento no volume das produções, no entanto, exigiu profissionais que o mercado não teve tempo de capacitar. São técnicos de audiovisual, diretores técnicos e artísticos, produtores e outros membros da cadeia de produção digital de eventos que precisam estar atualizados.
Estes novos recursos e inovações fazem parte do que a Fábula Live tem defendido como eventos 4.0, o futuro dos eventos. Por isso, é de extrema importância que as instituições de ensino, centros de formação e o próprio mercado de live marketing percebam estas mudanças, e caminhem junto com o robusto movimento de eventos on-line que impacta diretamente na economia e na vida das pessoas.
Só a Fábula Live gera cerca de 100 empregos entre postos diretos e indiretos, e temos vagas que não conseguimos preencher. Qualificação e adaptação são essenciais para que juntos possamos continuar a expandir, gerando mais oportunidades. Um novo cenário exige novos protagonistas.
Os eventos mudaram e há vagas para novos agentes desta mudança que estejam dispostos a se reinventar junto com o setor.
Cristiano Vicenti é cineasta e sócio fundador da Fábula Live