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Mulheres, Networking e Conselhos

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Estas últimas semanas fui muito impactada por notícias sobre Mulheres em Conselhos.

Algumas pesquisas indicam que tivemos 13% de aumento nos últimos 10 anos. Muito bom saber que o número de mulheres em Conselhos vem crescendo, mas ainda a passos muito lentos.

Por outro lado, sabemos que os Conselheiros são colocados na maioria absoluta das vezes (mais de 80%) por indicação. E por que os homens não indicam mulheres para estes cargos?

Existem inúmeras respostas, mas especialmente uma é fato universal: é natural que indiquemos pessoas que conhecemos e gostamos de trabalhar. Se a maioria nas lideranças ainda é de homens, como haverá indicações de mulheres?

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Refletindo sobre isso a primeira coisa que me veio a cabeça, a despeito de todo o contexto que já sabemos de equidade que precisamos buscar é: visibilidade e networking. Só lembramos em geral de quem se faz lembrado neste mundo tão inflado de informações. E, na maioria das vezes, as mulheres saem perdendo muito ainda com receios e limitações reais para aprimorar sua rede de contatos e visibilidade, especialmente no networking.

Quantas vezes mulheres que tentam se conectar com profissionais para expandir seus contatos, entender melhor a área de atuação ou porque admira o modelo de trabalho, são confundidas com assédio? Com abertura para uma paquera?

Sim, isso é muito comum e acreditem, é um tema recorrente e muito discutido entre alguns grupos e em especial na comunidade Mulheres no Comando – na qual sou uma das Mentoras – em que a líder corajosa, Jéssica Paraguaçu, tomou a frente para relatar casos pessoais e acabamos vendo uma avalanche de casos inacreditáveis.

Recentemente também vimos a artista e EMPRESÁRIA bem-sucedida (goste você ou não) Anitta iniciar como Conselheira no Nubank, e a chuva de preconceito que se abateu sobre ela porque as pessoas só conhecem seu lado artista, que além de tudo, atua em um gênero musical bastante questionado por apresentar sensualidade como uma forte manifestação e expressão.

Definitivamente o que vai levar homens e mulheres profissionais a quebrarem as barreiras da diversidade, promovendo igualdade, mais opiniões e trazendo mais assertividade para as decisões estratégicas são as conversas, troca de ideias e pontos de vista trazidas por diversas fontes. Já está provada a geração de mais dinheiro com essa evolução. E não consigo ver outra forma disto acontecer que não seja através de Networking.

Portanto, para os profissionais homens em todos os níveis: pelo amor de Deus, facilite a comunicação com profissionais mulheres ao seu redor com respeito e expanda seu Clube do Bolinha sempre que possível. É uma obrigação estarmos atentos a isto, sabendo de nossas metas ousadas de equidade.

Para as mulheres e Gestores em geral, tomei a liberdade de unir algumas informações que coletei de conversas e leituras com algumas Conselheiras bacanas que admiro e convivo. Acredito que eles sirvam para todas as mulheres que busquem ampliar seus negócios, seja ascendendo a essa cadeira ou seja empreendendo, então vamos nessa:

  • Exponha-se. Não dá para ficar com medo de assédio o tempo todo. Deixe claro sua intenção nas conexões e caso perceba que o interlocutor interpretou mal sua atuação ou passou da linha, além de cortar a conexão, avalie claramente se ele é de fato alguém que merece estar na sua rede.  Trabalhe a resiliência se preciso, mas não desista. Tem muita gente bacana por aí, acredite.
  • Faça parte de grupos ou comunidades de profissionais femininas se tiver mais dificuldade para circular no início. Certamente dicas, insights e muitos conteúdos farão você se sentir mais fortalecida além do ambiente do trabalho, promovendo novos olhares e novas oportunidades, mas não se restrinja a eles.
  • Comece como voluntária – várias entidades sociais e corporativas tem Conselhos que são extremamente importantes para apoiar as decisões estratégicas e rumos a tomar. Portanto, participar de projetos que tem relação com seu propósito, carreira ou afinidade em estruturas formais como Associações, ONG’s e outros até atingir uma posição no Conselho em si já é uma experiência e tanto e contribui com a sociedade e a sua formação.
  • Experiência – é indiscutível a experiência em um setor ou segmento ser importante para apoiar com discussões e decisões em níveis estratégicos.
  • Preparação – hoje existem cursos como do IBGC – Instituto Brasileiro de Governança Corporativa e diversas escolas renomadas recebendo profissionais mulheres se capacitando formalmente para ocupar essas cadeiras, pesquise antes de uma nova colocação.
  • Certificações – assim como preparar-se, ter alguns certificados não é obrigatório mas são aliados na sua demonstração de experiência e conhecimento. Valorize – os se tiver e busque os que podem contribuir se seu objetivo de carreira é atingir essa posição. A WCD – Women Corporate Directors  por exemplo é uma fundação que , além das escolas de negócios especializadas, é uma fonte de conhecimento mas também de contratação ou convite para novas mulheres Conselheiras, vale se informar.
  • Converse com outras mulheres que eventualmente já ocupam cargos em conselhos remunerados ou não. Um café e entender como ela vê a dinâmica e as demandas pode ser bacana se quiser dar este passo, investir em uma formação, avaliar se tem o perfil etc.
  • Vale lembrar que a premissa do Networking é servir através de conexões, caso não saiba agir ou tem dúvidas, informe-se. Em geral é preciso se doar, apoiar iniciativas de forma legítima também para compor conexões verdadeiras. Networking não é troca de cartões há muito tempo.
  • Sim, ainda temos a maioria absoluta de cargos de alta liderança movidos a indicação, então, é preciso que seu networking saiba que busca esta oportunidade, que tem interesse em fazer parte de um Conselho. Se ninguém souber, como vai poder indicar?

Parece muito óbvio, mas é bastante importante que os atuais Conselhos estabeleçam metas de equidade em substituições e ou ampliações dos Boards garantindo quebrar essa cadeia a médio prazo. Sem vontade inicial, não se muda nada. E sem ação, menos ainda.

Caso você seja uma profissional Mulher, que tem a ascensão na carreira como meta seja em corporações ou como empresária e sequer nunca nem cogitou fazer parte de um Conselho por todas as questões de gênero que nem discutíamos antes, repense. Precisamos e precisaremos de você nos representando mais do que nunca.

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