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Por que 30 dias? – Não é sobre Finanças           

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Há muitas discussões no nosso mercado sobre prazos de pagamento, antecipação financeira, risco sacado e outros. Muitos prestadores de serviços, em diversos elos das cadeias de comunicação, experiências de marca e indústria criativa têm tido que aprender sobre mercado financeiro para poder manter suas operações em pé.

Mas o que eu quero falar hoje é o porquê para as pessoas – e não para as empresas – e para isso vou contar uma história.

Meu marido é ator e locutor, então acompanho muitas negociações de casting para filmes comerciais, vídeos institucionais, internet, treinamentos, vídeos para convenção e as mais diversas formas de audiovisual em que ele pode participar, incluindo ser mestre de cerimônia.

Como é uma ponta na cadeia, é interessante ver o tanto de propostas dos mais diversos tipos que ele recebe. No entanto, uma vale trazer para cá porque me fez refletir muito e acho que pode fazer isso com outras pessoas e gestores em momentos de planejar a empresa, os negócios, ou usar a caneta.

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Recentemente ele produziu vídeos tutoriais para uma grande marca de produtos e serviços segmentados (acho que rede varejista não cabe mais para essa marca) e que foi muito bem recebido pela agência de casting, produtora e clientes.

Tanto que houve uma proposta nova de trabalho, e que, para garantir engajamento dos envolvidos, o prazo de pagamento foi reduzido (já era de até 30 dias) e um acordo de volume foi firmado. Até aí, os benefícios conhecidos de se ter parceiros de jornadas mais longas, que muitas vezes as pessoas preferem não trabalhar, porque tem que gerenciar bem e isso dá mais trabalho, vamos assumir a verdade? É preciso acompanhar, monitorar, gerar relacionamento não é mesmo?

O que me chamou a atenção foi a reação do casting que estava envolvido. Mesmo com um cachê um pouco menor do que outras propostas (eventualmente), boa parte deles está priorizando este cliente e trabalho em suas agendas, pois há uma perspectiva de continuidade sem ficar concorrendo casting em cada trabalho, e os faturamentos vencerem dentro do mês ou até 30 dias no máximo pesa bastante para a programação financeira familiar. Além de uma equipe bacana e engajada, que muda tudo.

Eu atrelei este movimento a algo que muitos de nós esquecemos quando lidamos com números e contratos: as pessoas.

Mas o movimento a que me refiro aqui está aliado a parte da razão das pessoas, especialmente de baixa renda e escolaridade se verem em um trabalho CLT.

Atuando em projetos sociais no passado tive acesso a várias pesquisas que nos apontam que a natureza humana traz o desejo de pertencer. A nossa natureza é viver em sociedade e ser aceito por ela. Mesmo quem opta pelo isolamento quer de alguma forma fazer parte dessa “tribo” (estamos falando em estatísticas de comportamento).

Então, se a vida traz que o movimento de se alimentar, pagar as contas de água, luz, telefone, escola e tantas outras – inclusive dos serviços de streaming, internet que permite comprar tudo – tem que serem pagas a cada 30 dias, eu preciso fazer parte deste movimento para me sentir digno de pertencer a essa sociedade.

Assim, quando geramos prazos de pagamento tão longínquos, percebo alguns movimentos muito contraditórios a evolução do mercado, das pessoas e do país.

O primeiro é este acima, criamos uma regra social em que muitas pessoas não conseguem ser inseridas, seja porque não tem regime CLT e ou ainda prestam serviços em uma cadeia com tanta complexidade.

Em segundo, a Economia Criativa e para onde estamos indo com os negócios. A Nova Economia aponta cada vez mais empreendedores, especialmente os jovens, com regimes e programas diversos, trabalhando por projetos em diversas frentes.

Como estaremos preparados para esse novo mundo (que já está surrando a gente) e crescer econômica e socialmente? Como vamos construir novas empresas e marcas em uma sociedade mais equilibrada pautada nesses novos modelos? Teremos um hiato até trocar 100% de geração, será?

Uma resposta é certa: quando passarmos nós, donos dos negócios e do dinheiro, a tratar a GOVERNANÇA pensando nisso. Assim, puxando a sociedade como um todo, já que as empresas de fato têm o poder de mover economia, cultura e governos.

Que tal começar mapeando na sua empresa qual é o perfil das pessoas que compõem sua cadeia, qualquer que seja seu porte e atividade? E ver como pode ir melhorando este cenário em um plano? É um bom ponto de partida.

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