As 13 entidades ligadas à indústria de Eventos e Turismo que formam a Câmara Brasileira da Indústria de Eventos (CBIE) divulgaram o “Manifesto da Indústria de Eventos”, documento que que será entregue aos interlocutores da Câmara nas três esferas governamentais.
O documento enfatiza os Eventos como uma das ferramentas estratégicas para impulsionar a recuperação e a renovação da economia brasileira pós-pandemia.
O Manifesto traz, ainda, três pleitos considerados urgentes pelo setor: o apoio governamental para a Indústria de Eventos de imediato; a promoção e o incentivo para atração de investimentos públicos e privados nos próximos anos, com destaque para diversos pontos de execução imediata; e a incorporação de tais medidas nas Políticas e Estrutura do Governo, sem estarem atreladas somente à área do Turismo.
A Câmara Brasileira da Indústria de Eventos tem como foco ser uma instância de discussão e articulação estratégica de caráter permanente que tem por finalidade o reconhecimento e o fortalecimento econômico, social e político da cadeia de valor da indústria de Eventos junto aos mercados, à sociedade civil e às esferas governamentais
Formam a CBIE: AMPRO – Associação de Marketing Promocional, ABEOC Brasil – Associação Brasileira das Empresas de Eventos, Abeform – Associação Brasileira das Empresas de Formatura, Abrace – Associação Brasileira das Empresas de Cenografia e Estandes; Abrafesta – Associação Brasileira de Eventos; Abrape – Associação Brasileira dos Promotores de Eventos; Academia Brasileira de Eventos e Turismo; Alagev – Associação Latino Americana de Gestores de Eventos e Viagens Corporativas; Apresenta – Associação dos Promotores de Eventos do Setor de Entretenimento e Afins; Eventpool – Associação de Agências de Turismo Operadoras de Eventos. IFEA – International Festival & Events Association; Unedestinos – União Nacional das Entidades de Destinos e Skal Internacional Brasil.
Confira abaixo o manifesto
Este é o Manifesto da Indústria de Eventos para comunicar ao mercado e ao poder público a inteligência e o alcance dos Eventos como um dos agentes na recuperação e na renovação econômica.
Afinal, Evento também é tech e pop. Entendemos que a tarefa de reiniciar as economias devastadas pelos impactos do COVID-19 pelos Governos precisam de ferramentas e plataformas robustas, que podem promover uma ampla base de recuperação, usando as formas mais eficazes oferecidas pela Indústria de Eventos.
Porque todos nós reconhecemos que o nosso principal valor é o papel que os eventos desempenham na facilitação e apoio de intercâmbios essenciais nas áreas de desenvolvimento profissional, empresarial, acadêmica e social.
Estas áreas são relevantes não apenas para o avanço econômico, mas também para o desenvolvimento da sociedade como um todo. A Cadeia de Valor da Indústria de Eventos é, portanto, um elemento essencial na entrega da recuperação da economia brasileira, assim como para a sua transição e renovação, e pode ser utilizada imediatamente pelo Poder Público, e seus diversos órgãos que estão em contato com a sociedade.
PROPOSIÇÃO
Os EVENTOS como uma das ferramentas estratégicas para impulsionar a recuperação e a renovação da economia brasileira pós-pandemia.
Os pleitos:
- Apoio governamental para a Indústria de Eventos de imediato.
- O Governo precisa facilitar o acesso aos múltiplos mecanismos de ajuda às empresas, o apoio efetivo aos trabalhadores e a promoção para a Indústria de Eventos. A natureza dos Eventos é serem em grande parte remunerados pelo usuário e contratante, o que significa que não oneram o Governo e não são tão intensivos em capital como outros setores que buscam apoio. Pelo contrário, trazem retorno rápido.
- Mecanismos governamentais para cuidar das empresas e dos profissionais especializados. Portanto, é necessário o apoio imediato aos trabalhadores do setor para que possam vencer o período de recessão e o alto índice de desemprego, evitando que caiam na economia informal e, assim, termos um crescimento social mais justo.
- A promoção e o incentivo para atração de investimentos públicos e privados nos próximos anos. Dentre elas, destacamos para execução imediata:
- Um planejamento estratégico de branding da Indústria de Eventos é de primordial importância, mostrando o valor e a relevância dos Eventos para o desenvolvimento econômico do Brasil;
- Incentivar as empresas, instituições e órgãos públicos a utilizarem os Eventos, servindo como exemplo de como devem ser os diferentes modelos de Eventos pós-pandemia do COVID-19.
- Laboratórios de Políticas Públicas – Os Eventos podem ser usados como “laboratórios” para o Governo na divulgação de suas políticas públicas e treinamento interno, deslocando o risco de teste de nova reabertura e estratégias de desenvolvimento de negócios: Muitos aspectos da equação de reabertura carregam riscos, incluindo a possibilidade de um retorno ao bloqueio e a necessidade de experimentar uma recuperação econômica e os eventos serão uma das alternativas estratégicas. Nesses aspectos, Eventos podem ser valiosas ferramentas para testar novas abordagens em um ambiente seguro e adequadamente monitorado antes de serem implantados de forma mais geral efetivamente, testando e direcionando para uma “nova Cadeia de Valor da Indústria de Eventos”.
- Impactos multissetoriais – Os Eventos promovem simultaneamente uma ampla gama de setores. São um meio eficiente para apoiar a recuperação e o avanço dos mais diversos setores econômicos, profissionais, acadêmicos, empresariais e sociais. Como resultado, eles podem impulsionar a ativação, a renovação e o reengajamento em muitos setores diferentes que necessitam ser estimulados para proporcionar uma recuperação de base ampla, em vez de simplesmente abordar uma gama limitada desses setores individualmente. A título de exemplo, pesquisa recente da UBRAFE indica que cada real investido numa feira resulta em R$35 na produção de quem investiu.
- Apoio à Economia do Visitante – Os Eventos apoiam a economia do visitante e criam um ambiente específico, o que é uma justificativa oportuna e é incentivo para viagens internas. O caminho para a recuperação de viagens provavelmente será longo – e muitas atividades de viagem “opcionais” provavelmente ficarão muito atrás da restauração da capacidade. No entanto, Eventos de Negócios oferecem uma condição imperativa, ao mesmo tempo em que ajudam a superar a relutância em viajar e, assim, estimulam viagens num momento em que é necessário melhorar as receitas de hospitalidade. Eles também oferecem oportunidades para destinos menores construírem suas marcas numa época em que muitos viajantes procuram novas opções.
- A necessária incorporação dessas medidas nas Políticas e Estrutura do Governo sem estar atrelado somente na área do Turismo.
É necessário reverter imediatamente a situação de total abandono dos Governantes à Indústria de Eventos, como se fôssemos invisíveis, surdos e mudos. Temos sido negligenciados. Desejamos ser atendidos nas nossas reivindicações e ter a possibilidade de trabalhar com mais tranquilidade e de projetar novos negócios. É imperativo ter uma saída para não criar um fosso grande demais e o retrocesso se tornar inevitável e catastrófico. Desejamos seguir em frente e buscar as melhores saídas para o desenvolvimento, junto com os demais setores da economia brasileira.
JUSTIFICATIVA
Inovação e Reinvenção
Os Eventos impulsionam o comércio, a inovação, reinvenção, o relacionamento, a amizade, a transferência de conhecimentos. O maior propósito dos Eventos é acelerar o progresso em todos os setores e trabalhar utilizando talento, criatividade, planejamento estratégico e de ação, pesquisa, sistemas, uso de tecnologia de ponta e de meios de comunicação, compartilhamento de informações e engajamento coletivo.
É uma das atividades que tem se inovado e reinventado com maior agressividade e frequência, utilizando as tecnologias disponíveis exigidas pelo mercado comprador, mas será particularmente importante na adaptação às demandas e às expectativas que resultarão das “novas” economias e prioridades econômicas pós-pandemia.
Diversificação e autossuficiência
Os Eventos facilitam a diversificação econômica e a autossuficiência.
Com a experiência do COVID-19 tivemos cadeias de abastecimento interrompidas e o valor evidente da autossuficiência econômica amplificadas. Muitas comunidades perceberam sua força, mantendo-se mais independentes e diversificando-se financeiramente.
Os Eventos de Negócios facilitam esse processo, apoiando os tipos de trocas que levam a novos relacionamentos, investimentos e atividades de negócios não tradicionais, que podem ser usados para impulsionar a diversificação da economia local e regional, incluindo a criação de novos eventos.
Legados da Comunidade
Os Eventos deixam legados valiosos e relevantes no destino
Eles geram legados para a comunidade em termos de destino, habilidades e conhecimentos transferidos, novas redes e construção de imagem. Esses legados podem ser moldados para atender às necessidades prioritárias da comunidade por meio da colaboração e criação de objetivos compartilhados com o organizador.
Ao mesmo tempo, é uma forma de um destino competir mais efetivamente para novos negócios e auscultar o quão influente os participantes o consideram em um contexto global.
Imagem e reputação
Eventos de negócios exclusivos podem fazer (ou restaurar) uma reputação como centro de negócios
Eventos de Negócios proeminentes geram perfil e prestígio para o destino do host de uma forma globalmente visível. No mundo mudado que emergirá da experiência COVID-19, destinos estabelecidos precisarão consolidar sua posição de liderança sob novas condições.
Ao mesmo tempo, haverá novas oportunidades para outros destinos elevarem seu perfil como destinos de negócios atraentes e pode oferecer atributos alternativos como os ambientais, de qualidade e segurança nas suas dependências, que serão cada vez mais procurados em um mundo pós-pandêmico.
Relacionamentos e confiança
Os Eventos restauram relacionamentos e constroem confiança
Pois utilizam eficientemente o poder coletivo de dinâmica de grupo e pensamento para alcançar um alto nível de integração. Isso é diretamente relevante para a necessidade de reparar as muitas “desconexões” que aconteceram, resultadas de medidas de isolamento e distanciamento durante a pandemia.
Os Eventos também são efetivos em informar como criar e manter a produtividade em redes extremamente importantes em face dos tipos de tensões globais (fechamento de fronteiras, problemas de transporte público, medidas de isolamento) que surgiram no curso da pandemia e persistirão além do momento em que essas restrições serão removidas.
Transição e Renovação
Os Eventos são a chave para a transição econômica e social e reposicionamento nas “novas” economias do futuro
Condições sociais e econômicas em evolução, decorrentes da recessão induzida pela pandemia, significam que a nova economia provavelmente será bem diferente, incorporando elementos de experiências e economias do conhecimento que estão substituindo modelos mais antigos. Eventos têm condições de acompanhar a recuperação e servirão como agentes necessários para mostrar mudança e transformação, garantindo uma formação mais progressiva da atividade econômica e uma economia mais estável e, portanto, resiliente para o futuro.
Talento e Investimento
Os Eventos atraem o talento e o investimento necessários para diversificação econômica e podem ser focados nas áreas prioritárias para a política governamental
Eventos, especialmente os Internacionais, são ímãs para atrair pessoas e recursos de investimento que impulsionam o desenvolvimento de setores profissionais importantes. Como resultado, são ferramentas estratégicas que podem ser usadas para uma região ou um destino estimular seletivamente as principais prioridades de desenvolvimento econômico e social.
Critérios para buscar eventos específicos podem ser prontamente ajustados, focando em áreas de interesse exclusivo para fins econômicos, sociais e de desenvolvimento educacional.
Caminho para o desenvolvimento sustentável
Os Eventos lideram a economia “renovada” em direção à sustentabilidade
Uma nova prioridade para a sociedade brasileira é o foco no desenvolvimento sustentável, devido a uma variedade de novas agendas (ambientais, educacional, equidade social) que novamente exigem interações para ter sucesso.
Os principais elementos da sustentabilidade foram incorporados nos 17 Objetivos de /Desenvolvimento Sustentável (agenda 2030/ODS17), que são abordados diretamente por eventos como reuniões, convenções e exposições. Estudos recentes demonstraram que, de fato, os eventos abordam o mais amplo espectro possível dos 17 Objetivos, incluindo os dos órgãos governamentais.
Ambiente Controlado
Os Eventos ocorrem em um ambiente altamente controlado com fortes medidas sanitárias e de segurança em vigor, com informações detalhadas de rastreamento de contatos disponíveis
Devido à natureza altamente estruturada dos Eventos de Negócios e instalações (equipamentos), essas atividades representam uma forma muito mais segura de reunir pessoas, comparadas a outras formas de reuniões públicas. Na grande maioria dos casos, os participantes são pré-inscritos e os organizadores possuem muitas e ótimas opções para se comunicarem no antes, durante e após um evento. Além disso, as políticas já em vigor das instalações são de padrões rigorosos, e garantem uma conformidade muito maior aos protocolos agora exigidos, o que coloca os Eventos em patamar bem superior ao existente num ambiente público geral.
ROI mensurável
Os resultados dos Eventos são mensuráveis – portanto, ROI pode ser claramente demonstrado
Embora a proposta de valor para Eventos inclua os impactos econômicos dos gastos dos delegados e os resultados de desenvolvimento econômico e profissional, ambos geram medidas confiáveis, incluindo sofisticados modelos de impacto econômico, já existentes. Delegados e outros participantes do evento não são visitantes “incidentais” – portanto, seus propósitos de viagem e padrões de gastos podem ser medidos com exatidão e os retornos podem ser medidos e relatados com maior precisão.
Para finalizar, vale lembrar que a reabertura da Indústria de Eventos deve acontecer acompanhado de evidências sólidas, setorizadas, com segurança, estrita proteção das vidas de seus funcionários, expositores e visitantes, e com total respeito aos protocolos de saúde agora em vigor em todo o mundo. Isso não é apenas importante para as comunidades preocupadas com a saúde de todos, mas também como garantia para o Governo, que precisa tomar a decisão, mostrando que a Indústria de Eventos pode retomar suas atividades com situação sob controle.
A Indústria de Eventos está convicta de que, desde o começo da pandemia, ou mesmo antes, tem feito sua parte no contrato social, resguardando seu maior patrimônio, os funcionários, e, também, aprimorando e investindo pesadamente em instrumentos e sistemas de proteção da vida de expositores e visitantes.
A Indústria de Eventos está pronta e assume sua responsabilidade. O que se exige, após 180 dias de paralisação, é que os Governos assumam sua responsabilidade, conforme demonstrado acima.
O conteúdo deste MANIFESTO não é inédito – pois reúne os argumentos que nós, há muitos anos, vimos apresentando sobre o papel relevante dos Eventos no avanço econômico, social e educacional. E podemos mostrar que o que estamos propondo já está funcionando – a partir de implementações em todo o mundo – e isso se aplica aos problemas que os Governos estão enfrentando com o desafio da COVID-19 e suas consequências econômicas.
(*) Nota: Este documento foi escrito, baseado no documento preparado e emitido pelo Joint Meetings Industry Council
E a Câmara Brasileira da Indústria de Eventos agradece as contribuições recebidas das entidades membros em apoio ao desenvolvimento deste MANIFESTO.